Três dias#three days
Levei três dias para assimilar a informação que tinha recebido.
Ao fim dos três dias decidi que eram horas de voltar ao trabalho.
Não posso dizer que foram três dias fáceis. Não dormi. Ia ao “Dr. Google” a toda a hora, embora soubesse de antemão que isso não me serviria de nada. No dia seguinte a ter recebido a notícia tive de completar a Ressonância. Estava tão nervosa que nem conseguiram picar-me para me injectarem contraste. Nem precisei fazer punção lombar porque as lesões e os sintomas eram tão evidentes, que a margem de dúvida no meu caso não existiu.
Nunca conseguirei expressar em palavras o “turbilhão” de coisas que passam pela cabeça nestes momentos. Acho que a grande maioria das pessoas acaba por ver a saúde como um dado adquirido, principalmente quando és jovem e não tens problemas por demais que te sobrecarreguem nesta área. É um mito. Toda as pessoas deviam desgarantir a aquisição de saúde. É uma sensação de impotência que não é sequer tangível por mais que queiramos. Não há dinheiro nenhum no mundo que nos possa garantir nada relativamente ao assunto saúde. Pensei várias vezes que estava a viver um pesadelo, o qual ia passar rapidamente, mas ele não passou, e como ser humano que sou, só tive um remédio: adaptar-me.
Muitas pessoas falavam comigo para dar incentivos e até a famosa “palmadinha” nas costas. Claro que tudo isso ajuda no momento, é sempre bom sermos “mimados”. Mas o tempo depois vai passando e às vezes o perigo está não no momento, mas no depois. O depois das palmadinhas nas costas, o depois da atenção, das palavras de reconforto, o depois do : “vai correr tudo bem”. Principalmente nos momentos em que as coisas, por vezes, começam a correr mal e todas as dúvidas voltam. Recebi um conselho de um amigo nessa altura: “Todas as pessoas com uma doença crónica deviam ter acompanhamento psicológico”. Hoje, faço minhas as palavras dele.
It took me three days to assimilate the information I had received.
At the end of three days I decided it was time to go back to work.
I can´t say it was three easy days. I did not sleep. I went to "Dr. Google "all the time, although I knew in advance that it would not do me any good. The day after I received the news I had to complete the Resonance. I was so nervous that they could not even sting me to inject contrast. I did not even have to do a lumbar puncture because the lesions and symptoms were so obvious that the margin of doubt in my case did not exist. I will never be able to express in words the "whirlwind" of things that come to mind at this time. I think the vast majority of people end up seeing health as a given, especially when you're young and you do not have too many problems to overload you in this area. It's a myth. All people should make sure the acquisition of health. It is a feeling of helplessness that is not even tangible no matter how much we want. There is no money in the world that can guarantee anything about health. I thought several times that I was living a nightmare, which was going to pass quickly, but he did not pass, and as a human being, I had only one remedy: to adapt.
Many people talked to me to give me incentives and even the famous "pat" on the back. Of course all this helps at the moment, it is always good to be "spoiled". But the time after is going on and sometimes the danger is not in the moment, but in the after. The after the pat on the back, the after the attention, the words of comfort, the after the: "will be okay." Especially in times when things sometimes start to go wrong and all doubts come back. I received advice from a friend at the time: "All people with a chronic illness should have psychological counseling." Today, I make my own words.